LONGA CAMINHADA



A nova equipe do Banco Central fez subir ligeiramente os juros nesse início de 2011. De acordo com os técnicos, o aumento veio para coibir a pressão inflacionária localizada na elevação dos preços dos alimentos.
Nesse cenário, que combina expectativa de crescimento continuado e tendência à elevação de preços na economia como um todo, onde também respiram razoáveis índices de inadimplência, alguns articulistas da área econômica questionam a sustentabilidade do crescimento acelerado do financiamento imobiliário.
A dúvida remete-se ao início da crise econômica global iniciada em 2008, quando certo tipo de papéis do mercado acionário dos EUA, vinculados ao mercado de financiamento imobiliário daquele país, foi responsável por aquilo que os economistas chamaram de bolha especulativa. Na época, após uma fantástica valorização geral dos imóveis, a economia parou repentinamente de crescer, e aqueles que compraram imóveis financiados por longo período não conseguiram manter o pagamento de seus financiamentos. A inadimplência ganhou a proporção de uma gigantesca bola de neve, e o preço de mercado dos imóveis despencou, atingindo algo em torno de 1/3 de seus valores de contrato. Foi a tal da quebradeira geral, iniciada lá na terra do tio San e propagada ao resto do mundo.
Ocorre que a tal bolha dos derivativos financeiros atingiu uma economia onde mais de 80% das pessoas compram suas casas com financiamento e possui talvez o maior índice de endividamento familiar do mundo, e o maior deficit público do planeta, apesar de ainda ser a maior economia do mundo. Assim, estamos falando de uma realidade econômica altamente vulnerável, onde lucros financeiros fantásticos e de altíssimo risco foram realizados por conta de uma rápida valorização imobiliária sem o lastro de um crescimento sadio e sólido da economia.
Nossa situação, em certo sentido, é diametralmente oposta. No Brasil atual, embalado pelo crescimento das aquisições de imóveis com financiamento, alavancadas pelo programa Minha Casa Minha Vida, o percentual total de imóveis adquiridos através de financiamento habitacional não chega a 4% em  relação ao PIB. A economia está crescendo de forma razoavelmente equilibrada em todos os setores, apesar dos desequilíbrios a corrigir na balança de pagamentos. A inadimplência familiar manteve-se estável, com pequena alta, mas diminuiu sensivelmente quando olhamos para o universo corporativo, para as empresas, o que indica saúde econômica e confiança no crescimento... Tudo isso significa, num primeiro olhar, o seguinte: 1- nossos financiamentos têm um longuíssimo caminho aberto para o crescimento; 2- os bancos e o mercado imobiliário trilham um caminho distante do alto risco, experimentando anos de crescimento sólido, com perspectivas claras e confiáveis de continuidade.
Bem, dizem os economistas que o Brasil foi dos últimos países a entrar na crise, e um dos primeiros a sair dela. Certamente o mercado imobiliário jogou e continua a jogar um papel decisivo nesse percurso, criando empregos e fazendo crescer de renda.
Temos pela frente uma longa caminhada. O passo deve estar ajustado ao ritmo conveniente das longas jornadas.

Marco Dias

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